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Desemprego registra 10,7% na Região Metropolitana de Porto Alegre em agosto

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Economista Iracema Castelo Branco avalia os dados mais atualizados do mercado de trabalho na RMPA
Economista Iracema Castelo Branco avalia os dados mais atualizados do mercado de trabalho na RMPA - Foto: FEE Divulgação

desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) teve leve aumento entre julho e agosto, passando de 10,4% para 10,7% da População Economicamente Ativa (PEA). É o que indicam os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego divulgados nesta quarta-feira (28), por FEE, FGTAS e DIEESE.

É a primeira vez, desde 2009, que a RMPA supera o número de 200 mil desempregados. Em agosto, foram 204 mil pessoas desempregadas, 7 mil a mais do que no mês anterior. Esse resultado deveu-se à redução de 3 mil ocupados e ao ingresso de 4 mil pessoas no mercado de trabalho. Ou seja, segue a redução da oferta de vagas e houve aumento do número de pessoas procurando emprego. A economista Iracema Castelo Branco, coordenadora do Núcleo de Análise Socioeconômica e Estatística da FEE, avalia esse resultado, no panorama da situação do mercado de trabalho dos últimos meses. “Há vários meses estávamos divulgando uma relativa estabilidade na taxa de desemprego, embora o número de ocupados viesse reduzindo. A mudança que se tem em agosto é um aumento da PEA, ou seja, das pessoas que ingressaram no mercado de trabalho procurando uma ocupação, o que pressionou para esse leve aumento na taxa de desemprego”, pondera.

Em relação aos principais setores de atividade econômica, os dados indicam um aspecto positivo, que foi o aumento de ocupados na indústria de transformação (mais 19 mil) e na construção(mais 6 mil). “Em 2015 e boa parte de 2016, a indústria estava em redução, pois foi um setor bastante afetado pela crise. Comparando agosto de 2016 com agosto de 2015, vemos aumento da indústria, algo que não se via há bastante tempo. Esses dados corroboram com as divulgações da FEE sobre as exportações gaúchas, que demonstram aumento nas exportações do setor, principalmente de calçados”, aponta Iracema.

No entanto, houve redução de ocupados nos serviços (menos 28 mil) e no comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (menos 2 mil). Iracema analisa que esses setores, especialmente o comércio, dependem muito do rendimento médio da massa salarial, que vem se mantendo numa trajetória de redução. “O rendimento médio vem caindo e também se reduzindo o número de pessoas ocupadas, o que faz com que a renda que circule na economia seja cada vez menor. Esse movimento, atrelado a taxas de juros elevadas, dificulta uma reação mais significativa do comércio e dos serviços”.

Além do agravamento do desemprego, outro fator que indica a precarização do mercado de trabalho é o aumento de contingente de autônomos, ao mesmo tempo em que o rendimento médio vem diminuindo. “Isso reflete uma migração dos trabalhos de melhor qualidade, de carteira assinada, para uma ocupação de autônomo. Com a redução dos postos de trabalho, a pessoa não consegue voltar ao mercado e busca uma alternativa de sobrevivência trabalhando por conta própria. Porém, a renda dos autônomos está em queda. Isso nos leva à uma precarização do mercado de trabalho, com um crescimento de ocupações de menor qualidade, o que está relacionado à própria atividade econômica em recessão”, destaca Iracema.

Mesmo assim, a RMPA segue com a menor taxa de desemprego entre as Regiões Metropolitanas analisadas, que são do Distrito Federal, de Fortaleza, de Salvador e de São Paulo. Confira osdados completos e a apresentação dos destaques.

Texto: Gisele Reginato/Núcleo de Imprensa - FEE

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