Atento às reivindicações das ruas por melhorias em áreas como saúde e mobilidade urbana, o Gabinete Digital deu início nesta quinta-feira (5), no Palácio Piratini, ao seminário Crise de Representação e Renovação da Democracia. Além de entregar à bancada gaúcha no Congresso os resultados das consultas públicas sobre reforma política feitas pelo Estado, o governador Tarso Genro afirmou que o principal desafio dos governos e dos partidos políticos é aprofundar o diálogo com os novos movimentos sociais. 

Até sexta-feira (6), ativistas, blogueiros, jornalistas, acadêmicos e representantes de movimentos sociais discutem, entre outros temas, reforma política, novas tecnologias, mídia livre, crise e relações em rede. A Casa de Cultura Mario Quintana abriga as atividades do último dia de evento.

Ao abrir o encontro com ativistas, blogueiros e jornalistas, o chefe do Executivo disse que as manifestações no Brasil vão exigir uma nova abordagem dos partidos junto a esse público. “Os partidos que basearem as suas concepções sobre esse movimento exclusivamente na visão tradicional das classes sociais, não vão conseguir dialogar com essas comunidades”, disse Tarso.

Acompanhado do secretário-geral de Governo, Vinícius Wu, e de outros debatedores, o governador reconheceu a necessidade de aprofundar as análises sobre as novas mobilizações que marcaram o mês de junho. “Nenhum partido de esquerda debruçou seu olhar para dizer o que acha desse encontro [manifestações] e qual é o programa que serve para eles, para aqueles tipos que estão ali, que saíram da sua singularidade para estabelecer uma relação coletiva”.

O secretário afirmou que a iniciativa do debate não foi uma ação isolada do Executivo, que desde 2011 promove medidas para ampliar a participação da população, principalmente no que diz respeito à consulta sobre reforma política. “O seminário busca conduzir a reflexões que vão se transformar em políticas públicas”.

Debatedores
Convidados a compor o painel de abertura, os jornalistas Maria Inês Nassif – da Carta Maior e Jornal GGN – e Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, destacaram que a crise de representação resulta do desgaste do sistema político e do poder excessivo das mídias tradicionais junto à população.

Para Altamiro, parte da reação das mobilizações no país ocorreu devido à tentativa das mídias tradicionais de criminalizar, num primeiro momento, as manifestações. “Essa democracia pode estar combalida em função do poder que algumas instituições na sociedade adquirem, entre elas a mídia”, afirmou o blogueiro.

Além de reconhecer o enfraquecimento do sistema partidário, Maria Inês advertiu que a ausência de partidos políticos consolidados abriu espaço para atuação dos meios de comunicação tradicionais. Para Maria Inês, as políticas públicas implementadas pelo Governo Federal, que permitiram a ascensão dos trabalhadores, também resultaram em novas exigências desses mesmos trabalhadores.

“É um momento de refletir sobre erros. Houve um otimismo excessivo das forças progressistas a partir da ascensão à cidadania. Isso serve de alerta aos políticos e mostra que não existe reserva de mercado de voto”, resumiu. João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, e Juarez Guimarães, da Universidade de Minas Gerais, defenderam a retomada do debate sobre a regulação da mídia.

Entrega da consulta pública
O governador Tarso Genro entregou à representante da bancada gaúcha no Congresso, deputada Manuela D’ávila, os resultados das consultas públicas sobre reforma política feitas pelo Estado. Além de elogiar a iniciativa do Gabinete Digital, a parlamentar disse que o Governo gaúcho conseguiu se aproximar dos movimentos sociais por ter uma ferramenta – o Gabinete Digital – que “dialoga” com esses setores. “O Governo saiu à frente diante desse ambiente político e conseguiu se aproximar dessas manifestações”.

Texto: Felipe Bornes Samuel
Fotos: Caco Argemi e Pedro Revillion/Palácio Piratini
Edição: Redação Secom (51) 3210.4305