Economia criativa emprega mais do que setores tradicionais da produção gaúcha, aponta pesquisa
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Responsáveis por 4,1% da força de trabalho no Rio Grande do Sul, setores vinculados à cultura, criatividade, conhecimento e inovação geram mais empregos do que segmentos tradicionais da economia gaúcha. Pesquisa inédita sobre o universo de profissionais que atuam diretamente na chamada economia criativa mostra que são mais de 130 mil os empregos formais neste segmento.
O contingente é superior, por exemplo, aos postos de trabalho na indústria calçadista ou setor automobilístico, e se aproxima de áreas com alto poder de geração de vagas, como a construção civil. Atualmente, o RS registra mais de 48 mil microempreendedores individuais que atuam em segmentos como publicidade, artes visuais, ensino da cultura, design e moda entre outras.
Esses são alguns aspectos do estudo divulgado nesta terça-feira (10/12), a partir de parceria entre a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) e da Secretaria da Cultura (Sedac) que buscou compreender características e potencialidades deste segmento no Estado e situá-lo no contexto do mercado nacional. A divulgação de indicadores é um dos eixos do RS Criativo, programa coordenado pela Sedac para potencializar a economia criativa.
“Desta maneira, teremos melhores condições de estimular novos investimentos e estruturar projetos que possam disseminar as diferentes cadeias produtivas deste setor, assim como orientar cursos de capacitação e abrir novos mercados”, destacou a secretária da Cultura, Beatriz Araujo.
Elaborado por pesquisadores do Departamento de Economia e Estatística (DEE/Seplag), o estudo foi apresentado em evento na Casa de Cultura Mario Quintana, no Centro Histórico de Porto Alegre. Na oportunidade, o secretário-adjunto de Gestão da Seplag, Marcelo Alves, salientou a importância de reunir dados estatísticos para orientar as políticas públicas. “O sucesso de qualquer iniciativa, independente da área, está diretamente atrelado às informações que dispomos na hora da tomada da decisão e no monitoramento dos resultados. Na Economia Criativa, o desafio é ainda maior, e sua potencialidade é inegável”, disse Alves.
Um dos responsáveis pelo trabalho, o pesquisador Tarson Núñez salienta que o conceito de Economia Criativa é relativamente novo, por isso ainda há dúvidas sobre as atividades que integram o segmento. “Incluem-se na Economia Criativa aqueles setores nos quais a criação de valor tem como base dimensões imateriais”, descreveu.
Para apurar os indicadores de emprego no período entre 2006 e 2017, o pesquisador valeu-se da análise dos vínculos de emprego na base de dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do cadastro de empresas junto ao IBGE e do Portal do Empreendedor Ministério da Economia.
“Importante observar que assim é possível identificar apenas uma parcela da totalidade de empreendimentos e trabalhadores desses setores. Particularmente nas atividades relacionadas com a cultura (música, artes plásticas, teatro e dança), existe um alto índice de informalidade, que implica uma dificuldade adicional”, advertiu Núñez.
Cenário nacional
Segundo a pesquisa, o RS aparece na quarta posição no ranking nacional tanto em termos de empregos formais como de empreendimentos registrados. Dos quase dois milhões de brasileiros com emprego formal na Economia Criativa, os gaúchos respondem por 6,5% (130.079 postos ao final de 2017), ficando atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em termos de peso do setor criativo gaúcho no total da economia do país, a participação fica acima da média nacional: o RS concentra 4,1% dos postos de trabalho (média do Brasil é de 3,5%) e 6,6% nos empreendimentos (6,1% é a média nacional).
“Do ponto de vista da proporção do número de empreendimentos, o Rio Grande do Sul fica atrás apenas de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Distrito Federal. No entanto, é importante considerar que, no caso deste último, a dimensão menor do DF e o perfil de sua economia, concentrada no setor de serviços, fazem com que o número de empreendimentos em economia criativa tenha um peso relativo maior”, pondera o pesquisador.
Empregos na crise
Um aspecto importante revelado pelo estudo é que a Economia Criativa não ficou imune à recessão que o país enfrentou a partir de 2014. Houve uma sensível redução em empregos formais e em empresas neste período, porém o RS conseguiu manter, ao menos, um patamar muito próximo de 2009, quando o setor dava os primeiros passos de efetivo crescimento.
No período focado na pesquisa (2006 – 2017), pelos menos três setores tiveram crescimento exponencial: publicidade (151,6%), ensino da cultura (142,4%) e telecomunicações (111,6%). Em números absolutos, o segmento de tecnologia da informação e da comunicação é preponderante: tinha, ao final de 2017, 38.603 empregos registrados, crescimento de 14,9% no período. Por outro lado, o estudo aponta que a remuneração média dos gaúchos é 23,1% menor do que a nacional.
Micros
Dos 48.148 microempreendedores individuais (MEIs) registrados em 2019 e atuando no segmento, a publicidade responde por um terço do total (18.466). Na sequência, aparecem profissionais com MEI atuando em artes visuais e performáticas (9.786), ensino da cultura (4.541) e na arquitetura, design e moda (4.179).
“O surgimento deste novo conceito do MEI contribuiu de maneira significativa no sentido de gerar um marco legal voltado para a formalização dos empreendedores informais. Trabalhadores que atuavam na informalidade foram integrados ao mercado formal de trabalho”, consta na Nota Técnica elaborada pelo pesquisador.
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