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Reciclagem garante renda, reduz penas e promove melhorias para detentos do Presídio Central

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Atualmente, o valor arrecadado é utilizado na revitalização do prédio onde está localizada a cozinha geral. - Foto: Claudio Fachel/Palácio Piratini

Ao longo das próximas semanas, a série "Presídios além das grades" apresentará os projetos de reinserção social desenvolvidos em casas prisionais do Rio Grande do Sul. As reportagens, publicadas no portal do Governo do Estado, retratam em texto, áudio e vídeo, experiências que ajudam no resgate da autoestima e da dignidade dos detentos, proporcionam renda e atenuam os efeitos da liberdade restringida.

Cinco dias por semana, Celso acorda cedo para trabalhar. Às 9h, já está na companhia dos colegas no Centro de Triagem de Resíduos, separando o lixo seco destinado à reciclagem e operando uma incansável prensa hidráulica. Perto dali, o cozinheiro André também dá andamento ao seu trabalho, preparando as primeiras refeições para o dia que começa.

Na prática, as rotinas de Celso e André são semelhantes às de qualquer trabalhador brasileiro. Os sonhos também: vencer na vida e ajudar suas famílias. A diferença é que, além disso, ambos estão aprendendo uma nova profissão e buscam uma oportunidade de melhorar suas vidas quando, finalmente, deixarem para trás as celas do Presídio Central de Porto Alegre.

O reciclador e o cozinheiro fazem parte de um universo de 500 trabalhadores, entre carpinteiros, pintores, instaladores elétricos e hidráulicos, sapateiros e alfaiates, que optaram pelo trabalho para superar o drama da liberdade restringida. Além de conseguir uma renda extra e reduzir suas penas, o serviço desses homens busca melhorar as condições dos mais de quatro mil detentos com quem dividem celas e corredores na maior casa prisional do país.

Melhorias
Construído pelos próprios presos, no final de 2011, o Centro de Triagem de Resíduos do Presídio Central começou reciclando quatro toneladas de lixo por mês, entre garrafas, plástico e papelão. Hoje, já são mais de oito toneladas separadas, recicladas e vendidas. A renda mensal de R$ 5 mil é destinada à melhoria nas condições dos presos, como compra de materiais de higiene e alimentação, além de pinturas e reparos na estrutura das galerias.

Atualmente, o valor arrecadado é utilizado na revitalização do prédio onde está localizada a cozinha geral. Com os recursos, também foi possível qualificar o espaço destinado às revistas íntimas femininas, que recebeu pintura nova e revestimento no piso. Está prevista ainda a construção de um espaço para receber os filhos dos apenados durante as visitas. Neste local, as crianças poderão brincar e participar de atividades lúdicas e oficinas educativas.

Recuperação da autoestima
Mais do que oferecer melhores condições de vida dentro do Presídio Central, o reciclador Celso quer melhorar sua vida fora dele. Meu sonho é montar uma reciclagem e dar continuidade a esse serviço que estou aprendendo aqui. É uma oportunidade que as autoridades me deram para aprender e eu estou aproveitando. Com 56 anos, ele aconselha os colegas mais jovens a seguirem o mesmo caminho. Eu falo pra eles não fazerem mais coisas erradas e seguirem andando para frente e pensando em Deus.

O assessor de Logística do Presídio Central, capitão Hermes Volker, elogia a disciplina e o comprometimento desses presos com o trabalho e avalia que os resultados são de excelente qualidade. Eles são muito compenetrados, gostam do que fazem e voltam para a galeria satisfeitos porque, ao mesmo tempo em que produziram alguma coisa, sabem que também estão remindo sua pena.

Trabalho reconhecido
O esforço dos oito recicladores do Centro de Triagem reflete diretamente no dia a dia dos 50 cozinheiros. Com os recursos da reciclagem, os próprios presos estão reformando a antiga cozinha para servir de auditório para cursos profissionalizantes. O pátio da cozinha geral também passa por reformas para receber uma praça.

Responsável pela alimentação dos detentos da casa prisional, Nilson afirma que as melhorias nas condições de trabalho ajudaram a mudar a imagem dos cozinheiros junto aos outros presos. Hoje, somos reconhecidos por trabalharmos na cozinha, somos bem vistos, bem aceitos e bem tratados nas galerias. Segundo Nilson, essas mudanças foram proporcionadas pelo projeto Restaurando Vidas. Realizado em parceria entre a direção do presídio e entidades religiosas, a iniciativa criou uma nova cultura de higiene e respeito entre os colegas da cozinha.

Texto: Juliano Meira Pilau
Foto: Claudio Fachel/Palácio Piratini
Edição: Redação Secom (51) 3210.4305

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