Duzentas cooperativas e nove mil trabalhadores já participam da Cadeia Binacional do PET
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Lançado há três anos pelos governos gaúcho e uruguaio, a Cadeia Binacional Solidária do PET já envolve, atualmente, mais de 200 cooperativas e nove mil trabalhadores, beneficiando cerca de 45 mil pessoas de forma indireta. O projeto, que visa consolidar uma cadeia produtiva no setor de reciclagem das garrafas plásticas, entre empreendimentos do Rio Grande do Sul, do Uruguai e de Minas Gerais, é desenvolvido pela Secretaria de Economia Solidária (Sesampe), secretarias de Meio Ambiente dos três estados da Região Sul, Governo do Uruguai e cooperativas do setor.
Pela importância que o projeto alcançou, uma das agendas do presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, na sua vinda ao Estado, na manhã desta quarta-feira, será a visita a Novo Hamburgo, uma das cidades polo da Cadeia do PET. Conforme Nelsa Fabian Nespolo, diretora de Economia Solidária da Sesampe, a cadeia iniciativa tem várias frentes: “Inclui pessoas, protege o meio ambiente e distribui renda. É tão importante que os segmentos constroem a economia solidária em diferentes partes do Brasil”.
Ampliar a renda e qualidade de vida
O objetivo dos polos é ampliar a renda e qualidade de vida dos catadores envolvidos no processo de transformação do PET em flake (pequenos flocos), depois em fibra e, por último, em tecido e artesanato. Primeiro, as garrafas PET são coletadas, recicladas e prensadas pelas cooperativas e associações de catadores. Depois elas são transformadas em flake, em cinco polos nas regiões de maior concentração do material e de organizações de catadores.
Até o momento, quatro cidades já contam com a iniciativa, Jaguarão, na fronteira, Novo Hamburgo, Santa Cruz e Passo Fundo. Na terceira etapa, o fake é enviado para a cidade de San José, no Uruguai, onde é transformado em fibra sintética. Em seguida, a fibra vai para Pará de Minas, em Minas Gerais, onde acontece o processo de fraçionamento, tecelagem e transformação da fibra e tecido.
Esse tecido então chega às cooperativas e associações de costureiras do Rio Grande do Sul e de locais da Economia Solidária no Brasil. “Com isso os catadores e os trabalhadores veem que aquela garrafa que ele recolheu será transformada em uma mochila para estudantes, em produtos que serão utilizados pela população. E isso acaba sendo mais um incentivo, além é claro do aumento da renda e da dignidade”, comenta Nelsa Nespolo.
Parceria e solidariedade
Segundo a diretora, a prefeitura onde o polo será instalado entra com a infraestrutura e os catadores com o processo de organização e constituição de sua própria gestão. “O Governo do Estado, por sua vez, entra com os equipamentos para fazer esse processo”, explica. Para o coordenador da Coopetsinos, Geraldo Simme, com a experiência é possível agregar renda aos trabalhadores em mais de 50%, através do beneficiamento do material. “É algo que muda muito a qualidade de vida das pessoas. Transformar o PET em flake é outra realidade bem possível e já temos experiência nisso. Podemos envolver não apenas o Rio Grande do Sul, mas também o Uruguai, Minas Gerais, dentre outros, dando a garantia de estabilidade ao mercado”, ressalta.
Para se ter uma idéia do aumento da renda por parte dos envolvidos no projeto, um fardo de PET que anteriormente era vendido por R$ 0,50, após o processo inteiro é vendido por R$ 2,00. Além disso grandes empresas, como a Fiat, já demonstraram interesse de utilizar o material para produção de estofados para automóveis e em outras partes de veículos.
Meio ambiente
No Brasil, cerca de 4,7 milhões de garrafas são descartadas mensalmente na natureza, contaminando rios, indo para lixões ou mesmo espalhadas por terrenos vazios. Por ano, este número chega a algo em torno de 9 bilhões de garrafas produzidas e sem destinação pós uso. Estima-se que mais de um milhão de pessoas trabalhem como catadores no país.
O projeto da Sesampe é retirar, a cada mês, mil toneladas de embalagens PET do ambiente, usando-as como um negócio de sucesso para pequenos empreendedores. Para 2015 três novos pólos devem começar a operar, um em Canoas e outro em São Borja através de recursos do Governo do Estado, e outro em Alegrete, que será construído e operacionalizado com recursos próprios.
Texto: Euclides Bitelo
Edição: Redação Secom