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Pesquisador americano Michael Apple fala sobre como a educação pode mudar a sociedade

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Abertura do I Seminário Internacional de Educação, promovido pela Secretaria Estadual de Educação do RS. Em destaque o palestr - Foto: Pedro Revillion/Palácio Piratini

Pode a educação mudar a sociedade? Este foi o tópico central da intervenção do professor PhD Michael Apple no Seminário Internacional de Educação, na noite dessa quinta-feira (18), em Porto Alegre. Apple, norte-americano e pesquisador mundialmente reconhecido na área, foi o conferencista do primeiro painel do encontro pedagógico promovido pela Secretaria de Estado da Educação, que lotou o Salão de Atos da UFRGS. O seminário continua nesta sexta-feira (19) com atividades nos três turnos.

Para Apple, sim, a educação pode mudar a sociedade na medida em que ela está a no contexto social. Mas não sozinha ou isoladamente. É preciso um esforço e uma aliança para garantir o respeito à diferença e aos direitos das minorias. As escolas e a educação têm um papel-chave na formação de identidades. "E o professor tem papel fundamental nesse processo", destacou.

Para ele, o currículo escolar é ferramenta para essa transformação. A educação precisa assegurar um rigoroso questionamento tanto em nossas instituições educacionais dominantes quanto na sociedade mais ampla e, ao mesmo tempo, precisa envolver profundamente, neste questionamento, aqueles que menos têm se beneficiado com os modos atuais de funcionamento dessas instituições.

"A ausência de cuidado, amor e solidariedade na educação é tão importante quanto a sua presença. E a abertura à crítica não se restringe à ação política. É da vida. Eu e minha esposa, Rina Apple, que me acompanha aqui, somos pais de pessoas negras e pudemos acompanhar o preconceito durante seu desenvolvimento. Isso não é educação. Não é uma coisa abstrata, é uma coisa viva. As crianças podem transformar a escola, e a escola tem de estar aberta a isso", afirmou.

Michael Appel foi professor de escolas elementares e secundárias e presidiu um sindicato de professores nos Estados Unidos. Trabalha pelo mundo com governos, grupos dissidentes, sindicatos e universidades, procurando democratizar a pesquisa, a política e a prática educacionais.

Cultura e poder na educação
Professor Doutor Honoris Causa da University of London e atuando há mais de 40 anos na Universidade de Wisconsin-Madison, Apple leciona nos departamentos de Ensino e Currículo e de Estudos de Políticas Educacionais da Faculdade de Educação. Suas áreas de atuação - teoria curricular, desenvolvimento e pesquisa e sociologia do currículo - embasam seu reconhecimento mundial. Seus principais interesses estão na relação entre cultura e poder na educação e na democratização do ensino.

Apple pediu desculpas à plateia por não falar português, mas declarou sentir-se em sua segunda casa. "É parte de um projeto imperial norte-americano achar que as crianças pobres dos Estados Unidos, como eu, não precisavam falar outra língua que não o inglês", disse.

Como resultado do seu contexto existencial, Apple elaborou sua pedagogia crítica, baseada na relação entre a educação e a sociedade. Autor de extensa obra, ele publicou, entre outros volumes, Ideologia e Currículo e Política Cultural e Educação. O primeiro é considerado um dos 25 mais importantes livros da educação ocidental. No segundo, situa sua visão da educação em relação ao contexto social e à interação com a sociedade.

O painel do professor Michael Apple foi apresentado pela secretária adjunta da Educação do Rio Grande do Sul, Maria Eulalia Nascimento. Também participou da mesa o professor da UFRGS Luís Armando Gandin. A UFRGS e a Procergs são parceiras da Seduc na realização do Seminário Internacional.

Texto: Patrícia Coelho
Foto: Pedro Revillion/Palácio Piratini
Edição: Redação Secom (51) 3210.4305

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