Primeira edição do Esse Papo me Interessa de 2022 destaca ação da mulheres
Debate virtual foi realizado nesta terça, 8 de março, Dia Internacional da Mulher
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“Aos 60 anos, luto como uma garota, sim”, afirmou a educadora social Beatriz Gonçalves Pereira, a Bia da Ilha, na primeira edição deste ano do ciclo de debates Esse papo me interessa, transmitido pelo YouTube e organizado pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). Com o tema "O olhar da mulher em ação", o encontro foi realizado nesta terça-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
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Liderança política, cultural e espiritual da Ilha da Pintada, Beatriz, também conhecida como Mãe Bia de Yemanjá, inspirou o mural de 65 metros do prédio do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), na região central de Porto Alegre. A obra apresenta a imagem de uma mulher negra segurando a planta nativa Justicia Gendarussa, popularizada como “quebra-demanda”, “quebra-tudo” ou “vence tudo”, e foi uma realização da artista suíça Mona Caron e de Mauro Neri, participantes do debate virtual.
O relato de Bia incluiu experiências de sofrimento e de superação. “Imaginem: mulher, negra e pobre da região das ilhas.” Ela e seus irmãos não podiam participar de festividades dos brancos e, até 1999, a escola de samba da qual participavam só podia tocar até determinada parte da rua. "Hoje temos duas escolas de samba e três blocos na região”, conta. Uma das escolas, a Afrosol, é presidida por Bia, também vocalista, coordenadora da Rede Integrada de Proteção à Criança e ao Adolescente - Região das Ilhas de Porto Alegre e delegada do Orçamento Participativo.
Há 24 anos trabalhando com arte em espaço público, Mona tem feito uma série pictórica sobre ervas urbanas, criada como "um tributo à resiliência a todos que não têm um lugar e seguem abrindo caminhos, abrindo fissuras no cimento, no asfalto.” A artista suíça reconhece seus privilégios: “verdade que sou mulher, mas também sou pessoa branca e, com isso, muitas portas são abertas para mim." Por isso, sente-se no dever de abri-las a pessoas negras.
Convidado por Mona a se somar ao projeto, o educador e artista plástico negro Mauro Neri, por sua vez, também admite os seus privilégios de homem. Após pedir licença para se manifestar em um encontro do Dia da Mulher, em sua breve fala contou sobre o entendimento comum dos artistas quanto ao mural: “sabíamos que seria a representação de uma mulher negra”.
O encontro contou ainda com as presenças da servidora pública federal Mariana Oliveira, da secretária adjunta Izabel Matte e da subsecretária de Gestão de Pessoas da SPGG Iracema Castelo Branco. Na abertura e no encerramento, participação especial da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), representada por quatro mulheres: a sua diretora de produção artística, Sofia Cortese; a regente Priscila Bomfim; a violinista Brigitta Calloni e a oboísta Viktoria Tatour. A Ospa apresentou o terceiro movimento do Concerto Duplo para Violino e Oboé de Bach.