R$ 8 bilhões anuais são perdidos por falta de reciclagem de lixo urbano no Brasil
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O Brasil é a terceira nação que mais acumula lixo. Segundo o Relatório de Resíduos Sólidos Urbanos de 2012, são 183.481 toneladas de sobras por dia, só ficando atrás da China e dos Estados Unidos. Nas cidades com maior concentração populacional, a geração desses resíduos supera 1,2 kg/hab/dia. Caso todo o resíduo reaproveitável atualmente enviado a aterros e lixões em todo o Brasil fosse reciclado, a riqueza gerada poderia chegar a R$ 8 bilhões anuais, cerca de um terço do Bolsa Família, ou 3% do pagamento de juros da dívida.
Entretanto, na contramão do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que regulamenta a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), todos os municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), bem como de outras regiões, foram, por uma gestão equivocada, levados a transportar o 'lixo' para o aterro sanitário localizado em Minas do Leão.
Para o engenheiro agrônomo da Fundação de Economia e Estatística (FEE) Tulio Carvalho, “[...] além de desperdiçar matéria-prima, não aproveitar oportunidades de geração de trabalho e renda com reciclagem e reúso, são colocadas diariamente centenas de caminhões no já caótico trânsito, aumentando o risco de acidentes, o gasto de combustíveis, a poluição e um acelerado desgaste das nossas precárias estradas”. O pesquisador salienta que os prejuízos são de ordem econômica, social e ambiental.
Segundo dados sistematizados por Tulio Carvalho, a coleta seletiva corresponde a 25% dos resíduos domiciliares. Entretanto, mais de 1 mil t/dia são recolhidas pela coleta não seletiva, na qual cerca de uma quarta parte seria de recicláveis, não selecionados, “enterrados” em Minas do Leão. Outro dado importante para avaliar é que 64,44% do coletado é matéria orgânica.
Para o pesquisador, “o desafio passa pela revisão das normativas para esse setor. Isso não significa flexibilizar, mas, modernizar as bases conceituais e referenciais que estruturam o licenciamento ambiental”.
Mais informações podem ser obtidas com o pesquisador, através do agendamento de entrevistas com a Assessoria de Imprensa FEE.
Texto: Anelise Rublescki/FEE
Edição: Redação Palácio Piratini/Coordenação de Comunicação